A Culpa é das Estrelas
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Informações:
Romance
Autor: Green, John
Editora: Intrínseca
Acabamento: Brochura
Número de páginas: 288
Editora: Intrínseca
Acabamento: Brochura
Número de páginas: 288
Leia o
primeiro capítulo do livro:
Obs.: Todos os direitos reservados à
EDITORA INTRÍNSECA LTDA.
LEIA UM TRECHO DO CAPÍTULO I
Faltando
pouco para eu completar meu décimo sétimo ano de vida minha mãe resolveu que eu
estava deprimida, provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas
na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande
parte do meu abundante tempo livre pensando na morte.
Sempre que você lê um folheto, uma página
da Internet ou sei lá o que mais sobre câncer, a depressão aparece na lista dos
efeitos colaterais. Só que, na verdade, ela não é um efeito colateral do
câncer. É um efeito colateral de se estar morrendo. (O câncer também é um
efeito colateral de se estar morrendo. Quase tudo é, na verdade.) Mas a mamãe
achava que eu precisava de tratamento, então me levou ao meu médico comum, o
Jim, que concordou que eu, de fato, estava nadando numa depressão paralisante e
totalmente clínica e, portanto, ele ia trocar meus remédios e, além disso, eu
teria que frequentar um Grupo de Apoio uma vez por semana.
O grupo era formado por um elenco rotativo
de pessoas com várias questões psicológicas desencadeadas pelos tumores. A
razão de o elenco ser rotativo? Efeito colateral de se estar morrendo.
O Grupo de
Apoio era megadeprimente, óbvio. A reunião acontecia toda quarta-feira no porão
de uma igreja episcopal — uma construção no formato de cruz com paredes de
pedra. Nós nos sentávamos em uma roda bem no meio da cruz: onde os dois pedaços
de madeira um dia se cruzaram, onde esteve o coração de Jesus.
Sabia disso
porque o Patrick, Líder do Grupo de Apoio e o único naquele lugar com mais de
dezoito anos, falava sobre o coração de Jesus todo raio de reunião, sobre como
nós, jovens sobreviventes do câncer, estávamos sentados bem no sagrado coração
de Cristo, e tal.
Bem, era assim que acontecia no coração do
Senhor: os seis ou sete ou dez de nós chegávamos lá a pé/de cadeira de rodas,
comíamos um pouco daqueles biscoitos velhos com limonada, sentávamos na Roda da
Esperança e ouvíamos o Patrick contar pela milésima vez a história
ultradeprimente e superinfeliz da sua vida — sobre ter tido câncer nas bolas e
acharem que ele ia morrer, mas não morreu, e ali estava, já adulto, no porão de
uma igreja na 137ª cidade mais linda dos Estados Unidos, divorciado, viciado em
videogames, quase sem amigos, levando uma vida sem graça explorando seu
fantástico passado com câncer, ralando para terminar um mestrado que não vai
melhorar sua perspectiva de progresso na carreira e esperando, como todos nós,
que a espada de Dâmocles traga para ele o alívio do qual escapou muitos anos
atrás, quando o câncer levou seus testículos e lhe deixou algo que só a alma mais
generosa poderia chamar de vida.
E VOCÊS
TAMBÉM PODEM TER ESSA SORTE!
Aí nós nos apresentávamos: Nome. Idade.
Diagnóstico. E como estávamos no dia. Meu nome é Hazel, dizia na minha vez.
Dezesseis. Tireoide, originalmente, mas com uma respeitável colônia satélite há
muito tempo instalada nos pulmões. E está tudo bem comigo.
Depois do último da roda, o Patrick sempre
perguntava se alguém queria se abrir. E aí começava a punheta grupal de apoio
mútuo: todo mundo falando de lutar, combater, vencer, remitir e examinar. Para
não ser injusta com o Patrick, ele nos deixava falar da morte. Mas a maioria
ali não estava morrendo. A maioria viveria até a idade adulta. Como o Patrick.
(Isso significa que havia muita
competição, com todo mundo querendo vencer não só o câncer, mas também as
outras pessoas da roda. Tipo, eu sei que não faz o menor sentido, mas quando
você ouve que tem, por exemplo, vinte por cento de chance de viver cinco anos,
e faz as contas e conclui que isso é uma chance em cinco… você olha em volta e
pensa, como qualquer pessoa saudável faria: eu preciso
durar mais
que quatro desses desgraçados.)
A única coisa que salvava no Grupo de
Apoio era um menino chamado Isaac, um magrelo de rosto comprido, com cabelos
loiros e lisos que cobriam um de seus olhos.
E seu problema eram os olhos. Ele teve um
tipo inacreditavelmente improvável de câncer ocular. Um olho foi extraído
quando ele era pequeno, e agora o Isaac usava um par de óculos fundo de garrafa
que fazia os olhos (tanto o de verdade quanto o de vidro) parecerem
sobrenaturalmente grandes, como se a cabeça inteira fosse basicamente o globo
ocular de mentira e o de verdade olhando para você. Pelo que pude entender das
raras vezes que ele se abriu para o grupo, uma recorrência colocou o olho que
resta em perigo mortal.
O Isaac e eu nos comunicávamos quase
exclusivamente por meio de suspiros. Cada vez que alguém falava de dietas
anticâncer, de cheirar cartilagem de tubarão em pó ou sei lá, ele me olhava e
suspirava de leve. Eu balançava a cabeça em um movimento microscópico e dava um
suspiro em resposta.
REFERÊNCIAS:
GREEN, J. A
Culpa é das Estrelas. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2012. P. 10-20
Informações:
Romance
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