Defasagem e evasão escolar no Brasil: um problema social que exige soluções educacionais


A educação como direito e desafio no Brasil


A educação é um direito humano fundamental, garantido pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. A educação é também um instrumento de desenvolvimento social, econômico e cultural, capaz de promover a cidadania, a inclusão e a transformação da realidade. No entanto, o Brasil ainda enfrenta muitos desafios para garantir uma educação de qualidade, equitativa e efetiva para todos os seus habitantes, especialmente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.


Um dos principais problemas que afetam a educação brasileira é a defasagem e a evasão escolar, que se referem à situação de alunos que estão fora da idade adequada para a série que cursam ou que abandonam a escola antes de concluir a etapa de ensino. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020, cerca de 6,1 milhões de estudantes do ensino fundamental e 3,7 milhões do ensino médio apresentavam defasagem idade-série, o que representa 18,2% e 28,6% do total de matrículas, respectivamente. Além disso, a taxa de abandono escolar no ensino fundamental foi de 1,8% e no ensino médio de 4,8%, o que significa que mais de 1,3 milhão de alunos deixaram a escola sem concluir a educação básica.


A defasagem e a evasão escolar têm múltiplas causas, que envolvem fatores individuais, familiares, sociais, econômicos e pedagógicos. Entre eles, destacam-se a pobreza, a violência, o trabalho infantil, a gravidez precoce, a falta de interesse, a baixa autoestima, a dificuldade de aprendizagem, a inadequação curricular, a falta de infraestrutura, a distância entre a escola e a residência, a ausência de transporte escolar, a falta de apoio e acompanhamento dos pais e professores, a insuficiência de políticas públicas e ações intersetoriais, entre outros.


A defasagem e a evasão escolar trazem graves consequências para os indivíduos e para a sociedade, como a redução das oportunidades de trabalho, renda e qualificação profissional, o aumento da vulnerabilidade social, a exclusão digital, a limitação do exercício da cidadania, a reprodução das desigualdades, a perda de capital humano e o comprometimento do desenvolvimento sustentável.


Diante desse cenário, é urgente e necessário combater a defasagem e a evasão escolar, por meio de estratégias que envolvam a participação e a articulação de todos os atores e setores envolvidos na educação, como gestores, professores, alunos, pais, comunidade, organizações sociais, empresas e mídia. Algumas dessas estratégias são:


- A educação inclusiva, que visa garantir o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem de todos os estudantes, respeitando e valorizando a diversidade de características, necessidades, potencialidades, interesses e expectativas. A educação inclusiva implica em promover a acessibilidade física, comunicacional, atitudinal, pedagógica e digital nas escolas, bem como oferecer recursos e serviços de apoio especializado, conforme a demanda de cada aluno. A educação inclusiva também envolve a formação continuada dos professores, a adaptação curricular, a avaliação diferenciada, a flexibilização do tempo e do espaço escolar, a utilização de metodologias ativas e participativas, a promoção de uma cultura de respeito, acolhimento e colaboração, entre outras ações.


- A inovação e a conectividade, que visam estimular a criatividade, a curiosidade, a autonomia, o protagonismo e o pensamento crítico dos estudantes, por meio do uso de tecnologias digitais e de novas abordagens pedagógicas. A inovação e a conectividade implicam em ampliar o acesso à internet e aos dispositivos eletrônicos nas escolas e nas residências, bem como capacitar os professores para o uso pedagógico das tecnologias. A inovação e a conectividade também envolvem a atualização do currículo, a diversificação das fontes de informação, a integração de diferentes linguagens e áreas do conhecimento, a realização de projetos interdisciplinares e integrados à realidade, a utilização de plataformas e aplicativos educacionais, a exploração de ambientes virtuais de aprendizagem, a realização de atividades lúdicas e gamificadas, que fazem uso de elementos de jogos para gerar conhecimento nos alunos, entre outras ações.


- A valorização dos professores, que visa reconhecer e apoiar o trabalho docente, por meio de condições adequadas de trabalho, remuneração, formação, carreira e participação. A valorização dos professores implica em garantir a infraestrutura, os materiais, os recursos e o tempo necessários para o planejamento, a execução e a avaliação das atividades pedagógicas, bem como para a atualização profissional. A valorização dos professores também envolve a oferta de cursos de formação inicial e continuada, alinhados às demandas e às expectativas dos docentes, bem como às necessidades e aos interesses dos estudantes. A valorização dos professores ainda envolve a definição de um plano de carreira, que contemple critérios claros e justos de ingresso, progressão e remuneração, bem como a criação de espaços de diálogo, de colaboração e de participação dos professores nas decisões pedagógicas e administrativas da escola, entre outras ações.


Essas estratégias, entre outras, podem contribuir para combater a defasagem e a evasão escolar, bem como para melhorar a qualidade, a equidade e a efetividade da educação brasileira. No entanto, elas exigem um compromisso coletivo e uma responsabilidade compartilhada entre todos os envolvidos na educação, que devem atuar de forma integrada, articulada e cooperativa, tendo como foco o direito e o interesse dos estudantes.


Sergio Santos 

Livrotematica 

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